
No dia 22 de janeiro de
2016 o Papa Francisco concordou com a beatificação da Venerável Serva de Deus
Elisabetta Sanna, uma leiga da União do Apostolado Católico, fundado por São
Vicente Pallotti. A beatificação aconteceu em 17 de Setembro de
2016 na Sardenha, onde nasceu a “mãe Sanna” – como é chamada a beata.
Elisabetta nasceu, no dia 23 de abril de 1788, na Ilha de Sardenha. Era filha
de Salvatore Sanna e Maria Domenica Lai, ambos agricultores, de viva e profunda
fé cristã. Tiveram sete filhos, sendo três mulheres, das quais só sobreviveu
Elisabetta, e quatro homens, sendo que o primogênito faleceu e o terceiro
tornou-se sacerdote.
Naquela região da Sardenha houve uma grande epidemia de varíola, que atingiu a
maior parte das crianças. Elisabetta tinha três meses de idade e foi também
atingida.
Sobreviveu “graças” a uma cirurgia que lhe retirou os
nervos dos braços, deixando seus braços “travados” na altura do peito. Podia
apenas movimentar os pulsos e os dedos. Daí o testemunho de muitos que a
conheceram: sua natural incapacidade de lavar-se o rosto, de pentear-se o
cabelo, de assoar o nariz, de fazer o sinal da cruz ou de poder tomar o
alimento somente com o auxílio de uma colher ou de um garfo presos a um
bastonete, que com muita dificuldade e maestria o fazia chegar à boca.
Elisabetta foi crescendo dentro do clima muito religioso de sua família e de
sua paróquia, dirigida por longo tempo por seu tio, Pe. Luís Sanna Soggia.
Recebeu a primeira comunhão e acompanhava com muita devoção as cerimônias
litúrgicas e as frequentes visitas de sua mãe à igreja, bem como suas orações,
jejuns e vigílias.
Com quinze anos já era catequista e costumava reunir suas colegas na igreja
paroquial, à tardinha, para a oração do terço ou da via-sacra. Apesar de sua
deficiência, nunca foi ouvida lamentar-se de uma tão grande miséria. Pelo
contrário, falava como se fosse uma misericórdia de Deus”.
Aos quinze anos, pensando em seu futuro, Elisabetta desejava seguir a vida
religiosa e se imaginava no mosteiro de Santa Elisabetta. Nela era clara a
ideia de não casar. Sua mãe, porém, tinha outros planos, pois, segundo ela:
nenhum convento a aceitaria com aqueles braços deficientes; nenhuma cunhada
quereria ocupar-se dela, quando sua mãe morresse; sozinha, como poderia
enfrentar a vida? Portanto, deveria casar!
Por incrível e por mais estranho
que pareça, Elisabetta recebeu três propostas de casamento. E, embora não
pensasse em casar, por obediência e insistência de sua mãe e de seu confessor,
aceitou o casamento como disposição divina. De fato, aos 13 de outubro de
1807, com 19 anos, Elisabetta casou com Antônio Porcu “para condescender aos
conselhos da mãe e do confessor, ao qual era muito obediente, pois via nele a
manifestação da vontade de Deus”.
A respeito de Antônio Porcu, Pe. Antônio
Luís, irmão de Elisabetta, atestou: “era um boníssimo cristão, trabalhador e
bom pai de família. Tinha quase seis anos a mais de Elisabetta. Era
de lindas feições, sadio e robusto”. A própria Elisabetta teria dito, após a
morte dele: ”Eu não era digna de tal marido. Tão bom que era!”

Tiveram sete filhos, dos quais cinco sobreviveram. Viviam
em perfeita harmonia, de tal forma que serviam de modelo e de bom exemplo.
Elisabetta, apesar de sua deficiência, conseguia fazer tudo em casa, inclusive
o pão. Sua casa estava sempre limpa e ordenada. O próprio marido, quando seus
companheiros caçoavam dele, dizia: “Minha mulher não é como as vossas.
Elisabetta tem todas as características de uma mulher santa…” Apesar da
impossibilidade de carregar os filhos ao colo ou de abraçá-los, conseguiu
criá-los com muito carinho.
Com apenas 18 anos de casados, em 1825, faleceu-lhe o marido, de um mal
repentino e grave. Deixou para Elisabetta o cuidado dos cinco filhos, que
tinham entre 17 e 3 anos de idade. Ela não perdeu o ânimo. Pelo contrário,
acreditava entender o plano de Deus: agora, depois da riquíssima experiência da
vida conjugal, as portas se abriam para a tão sonhada consagração religiosa,
pelo “voto de castidade perpétua”, que de fato se concretizou, em 1829, diante
de seu confessor.
Seu irmão, Pe. Antônio Luís, foi quem passou a ajudá-la no cuidado dos filhos e
a responsabilizar-se por sua educação e por seu futuro.
Na Quaresma de 1829, esteve em Codrongianos Frei Luís Paulo
de Ploaghe, um franciscano que conhecia a Terra Santa. Em diversas pregações
falou sobre os Santos Lugares e Elisabetta ficou de tal forma impressionada que
decidiu conhecer os “lugares banhados pelo sangue do Redentor”. Nos primeiros
meses de 1830, dirigiu-se ao seu confessor, Pe. José Valle, e lhe expressou o
desejo ardente de ir à Terra Santa. Este mostrou-lhe os perigos e os
imprevistos de uma viagem tão longa e lhe mostrou a inconveniência de deixar os
filhos sem mãe. Ela o escutou e lhe obedeceu, mas, em julho do mesmo ano,
voltou a fazer o mesmo pedido ao Pe. Valle que, por fim, decidiu deixá-la ir e
se ofereceu para acompanhá-la.
O argumento, que mais tarde Pe. Valle aduziu em favor da partida de Elisabetta
à Terra Santa, foi o seguinte: sua ida à Terra Santa não só não era um prejuízo
para a família, mas, pelo contrário, um bem, pois aquela família, passando aos
cuidados de seu irmão Pe. Antônio Luís, teria um futuro melhor… Para
Elisabetta, na verdade, tornara-se quase uma obsessão ir à Terra Santa, pois
sua vida estava por demais voltada às coisas de Deus e ao permanente desejo de
consagrar-se totalmente a Ele, desde sua infância. Era a voz de Deus a
falar-lhe bem alto. Agora decidiu segui-la.
Aos 24 de junho de 1831, juntamente com seu confessor, Pe. José Valle, Elisabetta
partia em direção à Terra Santa. No dia 29 desembarcaram no porto de Gênova, à
espera de um outro barco que os levaria naquela direção. Logo apareceu um que
iria até Chipre. Ao apresentar seus passaportes, foi-lhes dito que necessitavam
do visto do Ministro de Turim, e isso levaria um mês… Não teriam dinheiro
suficiente para permanecer um mês em Gênova e então decidiram ir a
Roma. “Eis aqui – diz Pe. Valle – a manifestação da Divina Providência:
vamos a Roma e de lá, se os céus quiserem, partiremos para a Terra Santa!”
A viagem durou de 9 a 23 de julho, em carroça, carreta, a pé, entre fome, sede
e o sol quente do verão europeu. Uma verdadeira aventura, sobretudo para uma
deficiente. Ao longo da viagem, visitavam cidades, igrejas, santuários e outros
lugares santos, como Cássia (Santa Rita).
Ao chegar a Roma, Pe. Valle conseguiu logo ser capelão do Hospital de Santo
Espírito. E Elisabetta? Pe. Valle conseguiu para ela um quartinho, no último
piso de um casarão paralelo à fachada da Igreja de Santo Espírito, junto à rua
que conduz às colunas da Basílica São Pedro. Além disso, deixou-lhe algum
dinheiro e, sempre que podia, visitava-a e levava-lhe algum alimento, até que
ela mesma conseguisse arranjar-se sozinha. Diga-se de passagem: Elisabetta era
analfabeta e só sabia falar o sardo, dialeto da Sardenha, que ninguém em Roma
entendia, a não ser um ou dois confessores do Vaticano.
Ao encontrar esse lugar para Elisabetta, Pe. Valle a recomendou a algumas
senhoras, que moravam em quartos vizinhos, e dela se fizeram amigas. Ela, por
sua vez, com sua maneira edificante de portar-se, atraiu logo a simpatia delas,
de tal forma que em seguida a levaram a visitar igrejas, a assistir
programações religiosas…

Seus dias transcorriam entre visitas a igrejas, muitas missas
diárias na Basílica ou em outras igrejas que havia nos arredores, adoração ao
Santíssimo Sacramento, novenas, via-sacras, visitas a doentes e a pobres, bem
como o cuidado das coisas e das roupas do Pe. Valle, que em pouco tempo teve
que deixar a capelania do Hospital do Santo Espírito. Era para ele mãe e irmã:
cozinhava, lavava a roupa, confeccionava meias e barretes etc.
Por diversas vezes e por insistência de seus familiares, particularmente de seu
irmão Pe. Antônio Luís, com quem mantinha frequente correspondência, através do
Pe. Valle, que por sua vez seguia as instruções do Pe. Loria – o confessor de
Elisabetta, em Roma, que entendia o sardo – esteve por retornar à sua família,
em Codrongianos, ao menos para ver seus filhos. Infelizmente, ao propor-se,
logo adoecia e não tinha condições de viajar. A última tentativa foi quando o
Dr. Petrilli, diante da possibilidade de ela empreender tal viagem, obrigou-se
a responder em consciência: “Sofrendo há muito tempo de uma molestíssima
palpitação, sou de opinião que, empreendendo uma outra viagem semelhante à
anterior (da Sardenha a Roma), poderia ir ao encontro de um mal-estar ainda
pior”. Tanto ela como seu confessor entenderam como vontade divina que
permanecesse em Roma para sempre.
O encontro com Pallotti teria começado provavelmente em 1832, quando, tendo
ouvido muito falar dele e de sua santidade, desejou tê-lo como confessor. A
primeira confissão aconteceu na igreja das Graças, na festa do Redentor. Este
fato marcou a trajetória de 18 anos de orientação espiritual (até a morte de
Pallotti) e de amizade entre Sanna e Pallotti. O incrível é que Pallotti não
conhecia o sardo (única língua que Elisabetta falava) e no entanto ele a
entendia e se fazia entender por ela.
A ideia de voltar a Codrongianos, imaginando que sua família estivesse precisando dela, continuava a persegui-la, embora soubesse que sua saúde não lhe permitia tal viagem. Certo dia Pallottti lhe disse: “Coragem, filha! A tua família não tem necessidade de ti. Ao contrário, será a maravilha e a inveja de toda a vila”. A profecia se realizou, pois o irmão sacerdote lhe escreveu que estava maravilhado e edificado com sua família, que servia de exemplo a toda a vila e fazia inveja a todos…
Até 1839 Elisabetta se ocupou do Pe. Valle, que depois retornou à Sardenha. Ocupava-se igualmente do Cardeal Soglia, cuidando dele todos os dias e todo o dia. Deixada a Casa Soglia, passou a se ocupar em tudo da instituição da Uniao do Apostolado Catolico fundada por Pallotti. Trabalhava para eles e para as Palotinas. Cuidava dos paramentos sagrados da liturgia e das toalhas dos altares. Com Dona Rinaldi, que era como uma irmã para ela, fazia as orações e os exercícios de piedade e, muitas vezes, as refeições. Dona Rinaldi ajudava-a na limpeza do quarto e em sua higiene pessoal.
Enquanto isso, Elisabetta “era ao extremo compassiva com os pobres, ajudava-os o quanto podia, dando-lhes quase tudo o que recebia da caridade do povo. Visitava os doentes nos hospitais e especialmente naquele de San Giacomo, instruindo-nos na Doutrina Cristã e motivando-os a receberam os sacramentos. Procurava acabar com as discórdias nas famílias”.
Pallotti havia aberto um orfanato para meninas em Santa Ágata e outro na Ladeira de Santo Onofre, no Gianícolo, além de quatro escolas noturnas para artesãos, e Elisabetta fez seu todo o apostolado do seu Diretor Espiritual (Pallotti), com o qual propunha “reavivar a fé com todos os meios oportunos e reacender a caridade em todo o mundo a fim de que acontecesse, quanto antes, segundo o desejo de Jesus Cristo, um só rebanho com um só Pastor”.

Pe. Rafael Melia atestou dela: “Não existia nela nenhum apego à sua vontade, nenhum interesse próprio. Nunca agia por conta própria ou por sua vontade, mas somente para cumprir a vontade de Deus, que lhe vinha manifestada na obediência” (ao seu Diretor Espiritual). Pallotti sublinhava muitas vezes os méritos de Elisabetta no que dizia respeito a UAC. Pe. Vaccari assim se refere: “Dois são aqueles que mandaram para frente o nosso Instituto; uma pobre que é Elisabetta Sanna, como muitas vezes entendemos através de Pe. Vicente Pallotti, o outro é o Cardeal Lambruschini” (Summarium, Roma 1910, p. 145, par. 33). Ela foi testemunha da fundação da UAC e acompanhou o seu desenvolvimento por 22 anos, até a morte.
Em 1850, morre Pallotti. Em 1857, morre Elisabetta. Sua morte foi precedida de uma febre muito forte e de uma inflamação no peito, de que sofria frequentemente e que suportava com “admirável resignação e paciência”. Era 17 de fevereiro de 1857. Estava presente à sua morte apenas o Vigário Cooperador da Basílica São Pedro. Nenhum de seus amigos e amigas. A esse respeito diz Pe. Amoroso: “Uma morte na solidão e na mais extrema pobreza… Mas alguma coisa começou a ressoar por longo tempo”. Foi enterrada na Igreja de SS. Salvatore in Onda em Roma. Logo após a sua morte, sua fama de santidade se manifestou assim grandemente que, somente quatro meses mais tarde, dia 15 de junho de 1857, iniciou a Causa de Beatificação. Foi declarada venerável no dia 27 de janeiro de 2014. O milagre que a levou, finalmente sobre os altares, aprovado pelo Papa Francisco no dia 22 de janeiro de 2016 foi a cura que ocorreu no dia 18 de maio de 2008 – domingo da Santíssima Trindade – de uma jovem brasileira, Suzana Correia da Conceição, de uma atrofia muscular do braço e da mão direita com comprometimento funcional grave.
Oração Colecta comum das Santas (que se dedicaram às obras de misericórdia)
Deus de infinita bondade,
que destes à Beata Elisabetta a graça de seguir Cristo
na oração, no sofrimento e no serviço aos necessitados,
concedei-nos também, por sua intercessão,
servir com caridade incansável aqueles que mais precisam.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espirito Santo.
Novena a Beata Elisabetta Sanna
Dados bibliográficos
Elisabetta Sanna nasceu em Codrongianos (Sassari) no dia 23 de abril de 1788. Três meses depois perdeu a capacidade de levantar os braços. Casada, criou cinco filhos. Em 1825 ficou viúva e fez o voto de castidade; era a mãe espiritual das meninas e das mulheres de sua terra. Em 1831, embarcou para uma peregrinação à Terra Santa; acabou chegando em Roma, e não pode retornar, devido à graves distúrbios físicos, dedicou-se inteiramente á oração e ao serviço dos doentes e pobres. Ela foi um dos primeiros membros da União do Apostolado Católico de São Vicente Pallotti, seu diretor espiritual. Sua casa se tornou um santuário de fé viva e ardente caridade. Morreu em Roma no dia 17 de fevereiro de 1857 e foi enterrado na Igreja de SS. Salvatore in Onda. Os testemunhos confirmam e esclarecem as palavras de São Vicente Pallotti, transcritas pelo padre Scapaticci e pelo padre Vaccari: “Dois são aqueles que levaram adiante o nosso Instituto: uma pobre viúva que é Elisabetta Sanna, como haveis mais vezes entendido do Pe. Vicente Pallotti, o outro é o Cardeal Lambruschini” Por este motivo a “pobre” Serva de Deus recebe o privilégio de ser enterrada na Igreja de SS. Salvatore in Onda, junto ao túmulo de São Vicente Pallotti. Quando morreu, a sua fama de santidade era (assim) tão grande que, apenas quatro meses depois de sua morte, foi nomeado o postulador da sua causa de beatificação, com duração de mais de um século e meio. Foi declarada Beata no dia 27 de Janeiro de 2014. O milagre que a levou, finalmente sobre os altares, aprovado pelo Papa Francis no dia 22 de janeiro de 2016 é a cura que ocorreu no dia 18 de Maio de 2008 – domingo do SS. Trindade – de uma jovem mulher brasileira (31 anos), Suzana Correia da Conceição, de uma atrofia muscular do braço e da mão direita com comprometimento funcional grave. No sábado, 17 de setembro de 2016, 160 anos depois de sua morte, diante da basílica de Saccargia, presidiu a Cardeal Angelo Amato, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, a solene cerimônia da Beatificação de Elisabetta Sanna.
Oração inicial
Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, te agradeço por enriquecer de modo admirável a nossa irmã Elisabetta Sanna com sabedoria, conselho, e fortaleza. Por seus méritos, te peço que me concedas a graça que desejo ardentemente ………………………., conforme a tua Santíssima Vontade.
Pai Nosso, Ave Maria, Glória …
São Vicente Pallotti, rogai por nós!
Beata Elisabetta Sanna, rogai por nós!
Primeiro dia: esposa e mãe
O desejo de Elizabete desde jovem é aquele de se tornar irmã. Tendo perdido a capacidade de levantar os braços, não pensa em se casar, e ainda, aos vinte anos é pedida em casamento por muitos jovens. Assim, no dia 13 de setembro de 1807, aos 19 anos, ela celebra o casamento com um certo Antonio Maria Porcu, um verdadeiro e bom cristão de modestas condições. Antônio é marido e pai exemplar que ama a sua esposa e lhe dá total confiança. Aos amigos, de fato diz: “Minha esposa não é como as vossas, é uma santa”!
Elizabete dirá: “Eu não era digna de tal marido, ele era tão bom.” Sua família é modelo para todo o país. Nos anos seguintes, nascem sete filhos. Ela passa os dias entre a casa, a educação das crianças e no campo, onde trabalhou incansavelmente. Ela também encontra tempo para longas horas de oração na Igreja. Não tem medo das críticas por professar e viver a sua fé publicamente “Este meu temor de vida – responde – não me impediu de desempenhar os meus deveres de mãe de família.” Ela mesma prepara os seus filhos para a Confissão e para a Comunhão e transmite-lhes um grande amor a Jesus, como a doçura, sem nunca usar modos bruscos. Uma verdadeira educação com o coração.
Oração
Ó Deus, Espírito santificador, que amas a Igreja como tua Esposa, tu infundiste no coração da Beata Elisabetta Sanna a chama do teu amor e o irradiaste na família, na Igreja doméstica. Te agradeço por este modelo de esposa e mãe, pelo seu encorajador e simples testemunho. Concede a cada mulher – esposa, mãe, noiva e consagrada – a graça de ser presença que compõe cada família e cada comunidade em um Cenáculo de fé e de amor, em generoso empenho e santificante serviço.
Pai Nosso, Ave Maria, Glória …
São Vicente Pallotti, rogai por nós!
Beata Elisabetta Sanna, rogai por nós!
Segundo dia: viúva e esposa de Jesus Cristo
Dos sete filhos, morreram dois em uma idade muito precoce. No dia 25 de Janeiro de 1825, seu marido Antonio, assistido por ela, morreu em idade jovem. Ficou viúva com cinco filhos, o maior com 17 anos e o menor com apenas três. Elizabete se sente responsável não apenas da administração da casa e do trabalho no campo, mas sobretudo da educação espiritual e temporal dos seus filhos. Amadurecendo no caminho espiritual, Elizabete em 1829, com a permissão do pregador franciscano, no tempo da quaresma, padre Luigi Paolo de Ploaghe, faz voto de castidade. Ao seu confessor pede muitas vezes para lembrar que ela agora é uma esposa de Jesus Cristo.
Oração
Ó Senhor, Tu que consolastes Maria após a morte de José e tivestes compaixão da viúva de Naim, dá-me a força para aceitar a minha solidão, sem perder-me em nenhuma tristeza. Como para a Beata Elisabetta Sanna, dá-me a tua paz, a tua força e a tua alegria para colocá-las a serviço dos outros, com coragem. Em primeiro lugar, dedicando-me à minha família e a todas as pessoas queridas ligadas a mim que em Tua bondade me fizeste encontrar no caminho da vida, sabendo que cada dia me levas mais perto do encontro definitivo contigo, com (meu marido – nome do marido, da mulher, ou de outras pessoas que deseja) e com todos os meus entes queridos. Amém.
Pai Nosso, Ave Maria, Glória
São Vicente Pallotti, rogai por nós!
Beata Elisabetta Sanna, rogai por nós!
Terceiro dia: peregrina
Em 1829 chega em Codrongianos o jovem vice pároco, padre Giuseppe Valle. Torna-se o confessor e diretor espiritual da família Sanna, especialmente de Elizabete. A vida cristã de Elisabetta torna-se ainda mais ardente. Durante os exercícios quaresmais em Codrongianos guiados pelo padre franciscano Luigi Paolo de Ploaghe, o pregador, falou com muita eficácia da Terra Santa. Elizabete, junto com algumas outras mulheres, foi até ele para saber mais, e ficou (muito) fascinada, nascendo assim o vivíssimo desejo de ver os lugares onde nasceu e onde foi crucificado o Filho de Deus. Ela se sente chamada a seguir Jesus mais de perto e pensa ir à Palestina e visitar os Lugares Santos. Nesta situação, nos primeiros meses de 1830 pediu permissão ao padre Giuseppe Valle para realizar a peregrinação. Padre Valle, depois de várias explicações, disse que não. Passados, porém, alguns meses e, em julho, Elisabetta voltou a ele, para obter a superada permissão. Ele, após profunda reflexão e oração, deu o seu parecer favorável à viagem e decidiu-se a acompanhá-la. Os dois começaram discretamente a preparar-se e preparar as suas famílias para a viagem programada, na esperança que iria ajudá-los a crescer espiritualmente e a servir melhor os outros. Elisabetta tinha certeza de que sua mãe, que tinha 65 anos e o seu irmão padre Don Luigi, residentes em Codrongianos, assumiriam a responsabilidade de cuidar da família, durante a peregrinação. No final de Junho de 1831, juntamente com o padre Giuseppe Valle, eles embarcam para Genova. Lá, embarcariam de navio para Chipre. No último momento, porém, padre Valle descobre que não tinha o Visto para o Oriente. Então, com Elisabetta eles decidem ir a Roma, dizendo: “Também alí é Terra Santa.” Assim, no dia 23 de julho de 1831 chegam em Roma. Esta viagem desde o início teve o caráter de peregrinação.
Oração
Ó Deus, sempre a caminho para encontrar o homem, tu infundiste no coração da Beata Elisabetta Sanna, o desejo de ser peregrina. Te agradeço pelo seu testemunho encorajador. Dá-me a força e a coragem de caminhar sempre para alcançar-te e conhecer-te. Torna-me teu discípulo, é o objetivo de todo o meu caminhar na vida. Faze que aprenda a melhorar a mim mesmo guiado pelas palavras do Evangelho. Tudo o que conheci e aprendi, agora se torne patrimônio da minha existência, para que possa transmitir tudo através do testemunho de vida.
Pai Nosso, Ave Maria, Glória
São Vicente Pallotti, rogai por nós!
Beata Elisabetta Sanna, rogai por nós!
Quarto dia Colaboradora de São Vicente
Em Roma, Elisabetta Sanna reside em um pequeníssimo apartamento perto da Basílica São Pedro. Em sua peregrinação às igrejas de Roma, com sede de oração, Elizabeth encontra na Igreja de Santo Agostino, um santo padre Romano, Vicente Pallotti. São Vicente, decide em 1832 acompanhar espiritualmente Elisabetta Sanna; Pallotti escreve em nome dela uma carta ao irmão sacerdote explicando que por motivos de saúde, ela não estaria em condições de retornar para a Sardenha mas que, se melhorasse, ela voltaria. A Serva de Deus, enquanto cuidava da saúde para se curar, colaborava com Pallotti com orações, conselhos e ajudava aos mais necessitados. Infelizmente, sua saúde piorava. Pallotti a sustenta no seu desejo de cura e no seu crescimento espiritual e também encontra para ela um pequeno trabalho com o Arcebispo Giovanni Soglia, futuro cardeal, na esperança de melhorar sua saúde. Quando pois, em 1838, o médico Petrilli escreve: “Sou da opinião de que, tendo que fazer outra viagem com o navio, poderia ir ao encontro a um pior infortúnio”, Pallotti disse a Elisabetta: “Deus a quer em Roma.” E a Serva de Deus permaneceu ali, até sua morte em 1857.
Oração
Ó Beata Elisabetta, ajudai-me a tornar-me consciente de que a minha felicidade está em fazer a vontade de Deus. Te peço, Senhor, concede-me capacidade à minha mente de modo que possa aceitar tudo o que me acontecer e de fazer sempre – com o Tua ajuda – o melhor possível a cada dia segundo a Tua vontade. Tu podes ajudar– me como fizestes com a Beata Elisabetta – a estar a escuta de Ti e fazer sempre a Tua vontade. Amém
Pai Nosso, Ave Maria, Glória
São Vicente Pallotti, rogai por nós!
Beata Elisabetta Sanna, rogai por nós!
Quinto dia: A deficiente que se tornou apóstola
Quando Elisabetta tinha apenas três meses, uma epidemia de varíola causou a morte de muitas crianças em Codrongianos e também ela foi atingida. Ela se curou da epidemia, mas permaneceu com os braços ligeiramente prejudicados e as articulações endurecidas. Isso não a impediu de crescer, aprendendo a suportar a sua deficiência, como algo natural e realizar todas as tarefas domésticas e também apresentando-se sempre ordenada e limpa. Não obstante a sua deficiência física, Elisabetta tornou-se colaboradora da União do Apostolado Católico, fundada por padre Vicente Pallotti em Roma. Quem se aproximava dela, dirá: “Via Deus em tudo e adorava-O em todas as coisas. O amor de Deus era a sua vida. Aquilo que parecia ser um grande interesse, desaparecia de fronte ao interesse de Deus”. De fato, a Sanna dizia seguidamente: “Meu Deus, eu vos amo acima de todas as coisas.”
Oração
Beata Elisabetta, que com tanta paciência e com tanta confiança em Deus, suportaste as dores físicas da doença e os sofrimentos da contradição moral quando não pudeste retornar para a Sardenha, obtém-me esta mesma submissão aos sofrimentos de tal maneira que possa viver sempre sob o olhar de Deus para tornar-me dócil instrumento da Providência para a salvação das almas. Amém.
Pai Nosso, Ave Maria, Glória
São Vicente Pallotti, rogai por nós!
Beata Elisabetta Sanna, rogai por nós!
Sexto dia: A fé na vida cotidiana
Elisabetta recebeu uma educação cristã profunda na família, da qual fala claramente o seu irmão, padre Antonio Luigi. Ele nos informa sobre as orações feitas juntos em casa, a recitação do Rosário, a participação às funções eclesiais e da ajuda prestada aos pobres. Nesta atitude de fé e de oração, Sanna perseverou por toda a vida. Todos os testemunhos dizem que com ela se falava somente sobre as coisas espirituais. Quando se a visitá-la em seu quarto, a conversação se alternava entre instrução religiosa e orações. Em uma carta escrita a padre Giuseppe Valle no dia 18 de Maio de 1846, São Vicente confirmou o progresso espiritual da Serva de Deus com a seguinte frase: “Prossegue nas boas obras e espero que alcance aquela perfeição à qual Deus deseja o Pai das misericórdias”. Cada manhã ia até a Basílica São Pedro. A Basílica era a sua casa. Quando ela morreu, correu a voz: “Morreu a santa da Basílica de São Pedro”.
Oração
Ó Beata Elisabetta, ajuda-me a ser fiel aos meus deveres diários: ao dever da adoração que é a primeira necessidade para a minha vida espiritual; ao dever que me une ao próximo, aos deveres particulares da minha vocação, ao dever da caridade material e espiritual, consciente de que o diálogo com próximo é sobretudo na realização de meus deveres diários com espírito de fé e de caridade. Amém.
Pai Nosso, Ave Maria, Glória
São Vicente Pallotti, rogai por nós!
Beata Elisabetta Sanna, rogai por nós!
Sétimo dia: mãe espiritual
Outro campo de realização da fé e do amor de Elisabetta foi aquele do aconselhamento espiritual. Ela tinha o dom do discernimento espiritual e o usava para ajudar as numerosas pessoas que recorriam a ela. Em seu pobre quarto, diante do quadro de “Nossa Senhora, Virgem Poderosa” (Virgo Potens), rezava com os seus hóspedes e dava a eles sábios conselhos. Mesmo o Cardeal Giovanni Soglia em certas coisas de sua consciência, ele a consultou. Pallotti mesmo, aconselhou-se com Elisabetta e orientou seus filhos espirituais a escutar a sua palavra. Por esta razão padre Rafaele Melia que conhecia muito bem Elisabetta, deu-lhe o título de “mãe premorosíssima” da União do Apostolado Católico, e padre Ignazio Auconi, seu sucessor no ofício de Superior Geral, confirmou que ela teve para com a obra de Pallotti, a preocupação e dedicação de uma mãe.
Oração
Ó Maria, Virgem Poderosa, ajudai nossas famílias e nossas comunidades, especialmente aquelas que lutam com dificuldade para viver a fidelidade, a unidade e concórdia! Ajudai as pessoas consagradas para que sejam um sinal transparente do amor de Deus. Ajudai os padres, para que possam comunicar a todos a beleza da misericórdia de Deus. Ajudai os governantes para que saibam procurar sempre e somente o bem da pessoa. Ó Virgem Potente, protegei a vida em todas as suas formas, idades e situações. Sustenta cada um de nós, para que a exemplo da Beata Elisabetta Sanna saibamos discernir os caminhos de Deus e tornar-nos apóstolos entusiastas e credíveis do Evangelho.
Pai Nosso, Ave Maria, Glória
São Vicente Pallotti, rogai por nós!
Beata Elisabetta Sanna, rogai por nós!
Oitavo dia: Grande devoção à Eucaristia
Em Codrongianos, Elisabetta Sanna quase diariamente participava da Santa Missa. Em Roma, cada manhã, participava da missa na Basílica São Pedro e, se nã0 tinha outros compromissos, permanecia até o fim da última missa, porque estava convencida de que, com a Eucaristia, podemos dignamente render ao Senhor o que devemos a ele com adoração, louvor, agradecimento e oração. Ela também encorajava outros a participar da missa diariamente. Ela, de modo particular adorava Jesus na Eucaristia nas Igrejas onde realizava “le Quarentone”, isto é, a adoração de quarenta horas, e onde ela permanecia por longo tempo em profunda adoração. Padre Valle disse que conseguia receber até sete bênçãos eucarísticas no mesmo dia. Aqui se verificam as palavras do Padre Melia sobre o amor de Elizabete para com Jesus no SS.mo Sacramento da Eucaristia: “Era assim tão devota e amante que haveria consagrado toda a sua vida à adoração contínua.”
Oração (Oração de São Vicente Pallotti diante do Santíssimo Sacramento)
E vós Serafins, Querubins, Tronos, Dominações, Potestades, Principados, Virtudes, Arcanjos, e Anjos venham visitar Jesus Sacramento, e para mim adorá-lo, agradecê-lo, e amá-lo; e vós também, os Santos Patriarcas e Profetas, Apóstolos e Evangelistas, e os discípulos do Salvador, os SS. Inocentes, SS. Mártires, SS. Papas, Bispos, os Doutores, SS. Sacerdotes e levitas, SS. Confessores, Virgens e Viúvas, e vós todos os santos do Paraíso, venham todos visitar o nosso caro primogênito Irmão Jesus Sacramentado, primeiro, porém todos juntos rezemos à augusta Mãe de Deus e nossa Mãe, que se digne em conduzir-nos a visitar o seu divino filho no SS.mo Sacramento Altar, e todos juntos agora e sempre adorá-lo, agradecê-lo, e amá-lo.
Pai Nosso, Ave Maria, Glória
São Vicente Pallotti, rogai por nós!
Beata Elisabetta Sanna, rogai por nós!
Nono dia: A serena esperança
À profunda fé da Serva de Deus e ao seu ardente amor por nosso Senhor no Santíssimo Sacramento, se acrescenta a sua serena e alegre esperança. A um certo Luigi Schiboni, quando ele perguntou se ele se salvaria, Elizabete deu a seguinte resposta: “Duvidas? Não sabes que um Deus morreu por sua alma?”. Padre Filippo Tancioni, secretário do Cardinal Soglia que estimou a Beata como santa, disse que ela “tinha total confiança de salvar-se pelos méritos de Jesus Cristo … e procurava inspirar em todos essa mesma confiança.” Repetia muitas vezes: “Confio no Deus da Misericórdia”. Nos momentos de saudade da família na Sardenha exclamava: “Misericórdia, misericórdia”. Estas e outras exclamações similares ligadas a vivissíma fé e a um grande amor a Deus, desenvolveu nela a serena esperança de alcançar o Paraíso. Portanto, já na Sardenha compôs uma espécie de poesia (Lauda), recitando: ” Toda sou de Deus, toda sou de Jesus. Não posso mais viver longe de Deus. Jesus é o meu coração e eu sou Jesus!”. Deste modo sereno, expressava o seu desejo: “Desejo o céu cheio, o Purgatório vazio, o inferno fechado.”
Oração
Ó Beata Elisabetta Sanna, admiro a tua coragem e a tua constância em imitar Jesus com fé e serena esperança, mesmo nas situações mais difíceis. Sinto vergonha pelas minhas freqüentes incertezas, pela minha preguiça e pela minha incoerência: ajuda-me a tornar-me plenamente responsável pelo dom da fé e a fazer sempre o bem com o espírito cristão, a fim de que o meu próximo possa mais facilmente unir-se a mim no louvor à Santíssima Trindade. Amém.
Pai Nosso, Ave Maria, Glória
São Vicente Pallotti, rogai por nós!
Beata Elisabetta Sanna, rogai por nós!