“E disse-lhes: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.” Mc 16, 15
Pode parecer, nos dias atuais que esse pedido de Nosso Salvador fosse uma suplica apenas para seus primeiros discípulos, onde o mundo começava a se deparar com a novidade de Cristo que ainda não conhecia sua doutrina. Mas após tantos séculos seria possível encontrar lugares que a palavra de Deus precisa chegar?
Obedecendo a Nosso Senhor Jesus Cristo, nossa comunidade paroquial deu início a sua ação missionária as comunidades ribeirinhas localizadas dentro de nosso território de evangelização. Foram dias de incansável empenho em levar a Boa Nova aos nossos irmãos.

Iniciando a viagem saindo de Novo Airão dia 19 de julho as 20hr e 30 minutos a embarcação começou uma das navegações mais distantes de todo o nosso território paroquial rumo à foz do rio Jaú, um dos principais rios da Amazônia.
A primeira parada do itinerário foi em Airão Velho no dia 20 por volta de meio dia, ali permanecemos para a celebração da Eucaristia na festa de Santo Elias as 17 horas do mesmo dia. Pernoitamos nesta localidade até a manhã seguinte e seguimos rumo a Base do Parque nacional do Jaú onde recebemos autorização para adentrar na área protegida e assim darmos continuidade a nossa missão. Saímos da Base do parque às 7hrs e 45 minutos no dia 21 e chegamos à Comunidade da Cachoeira Grande às 12 horas e 20 min; celebramos a Missa no fim da tarde. A próxima localidade é conhecida como Comunidade do Patauá a 90 minutos da anterior, depois de vivenciar nossas celebrações na parte da manhã, saímos por volta de 10hrs.
Depois de 7 horas de viagem chegamos a penúltima localidade de nosso itinerário: Comunidade Jaú Lázaro, assim às 17 horas do dia 22 de julho desembarcamos. Foi uma ocasião oportuna para conhecemos a realidade local e as diversas dificuldades que os ribeirinhos passam e onde também pudemos viver a Ceia do Senhor.

Chegamos a comunidade Jaú Tambor no dia 23 de julho depois de 5 horas e 30 minutos de navegação, muitas famílias moram nesta localidade e são presenteados com uma paisagem que certamente foi pintada pelas mãos de Deus. Infelizmente, não diferente das outras localidades, sofrem diversas dificuldades devido ao difícil acesso a esta região. No retorno ainda pudemos celebrar o Santo Sacrifício em mais duas comunidades.
Nestas ocasiões muitas crianças receberam o sacramento do batismo, para os demais era perceptível do desejo de conhecer mais a Jesus Cristo. Depois de todo estes dias retornamos para a cidade de Novo Airão, chegando na madrugada do dia 27 de julho.
Evangelizar nestas regiões sofre uma barreira imposta pela natureza, pois só é possível chegar a essas comunidades no período das cheias, que ocorre nos meados de junho a julho. Fora desta época do ano é quase impossível chegar.
Apesar de toda a distância foi perceptível sentir como a ação missionária necessita de grande atenção, muitos cristãos tem um acesso limitado, por conta das condições, aos sacramentos e de uma evangelização constante para assim permanecerem com os corações abrasados por amor a Deus.

Em todos os lugares há uma grande contradição: Enquanto existe toda a riqueza natural que a Amazônia possui comtempla-se a pobreza que os cidadãos que ali residem vivem e, mesmo nestas dificuldades, continuam lutando para sobreviver e melhores condições de uma vida mais digna, o que mais impressiona: nunca falta em muitos destes fiéis a esperança em Deus.
Ao findar esses dias de missão foi evidente perceber que a Igreja necessita de corações generosos dispostos a atender o chamado: “Segue-me”. Para tal é urgente aos jovens de nosso tempo venham a compreender que o futuro da ação evangelizadora dependerá da bondade e disponibilidade para seguirem no ardor de levar a graça de Deus como São Paulo exortou a Timóteo: “prega a palavra, insiste oportuna e inoportunamente, repreende, ameaça, exorta com toda paciência e empenho de instruir”.
Padre Rafael Moura SAC